sexta-feira, 15 de abril de 2011

PLANO de Salvação Nacional

Estive a pensar (coisa rara mas acontece) e acho que encontrei a solução para a crise em torno da nossa Dívida Soberana. Agora que a pensei parece fácil mas o certo é que nem todos e, ao que sei, nem ninguém, se lembrou desta solução antes, circunstância que me eleva, desde já, à categoria de predestinado na área da economia e das finanças (mesmo considerando os recentes trabalhos do Nobel da Economia, Amart ya Sen, que atira com as culpas todas para os “mercados”) e, já agora, também na área da estratégia… é que nem SUN TZU na Arte da Guerra mostra tanta arte e  engenho !...

Feito o auto elogio curvo-me e dirijo-me a si meritíssimo Ministro das nossas Finanças (sim, também são nossas, senhor Ministro, apesar de às vezes ou quase sempre, não parecer…) e num assomo de coragem apresento-lhe o meu Plano.

O Meu Plano

Senhor Ministro tem de agir !...  Como muito bem sabe, qualquer raciocínio elaborado e estruturado deve partir de um Princípio Orientador e de um Factor Motivador extremamente simples. Atrevo-me a sugerir-lhe a tão reconhecida e sempre presente "capacidade Lusitana pró  desenrascanço”. Ponderada e cuidadosamente deve, então, seleccionar, um Método,  mas não um método qualquer. Um Método que lhe ofereça garantias de solidez e de robustez, que demonstre a eficácia reconhecida pelo tempo e pelo mérito e que, finalmente, seja capaz de resistir a qualquer um desses “teste de stress” muito em voga na Banca. Mais uma vez atrevo-me a soprar-lhe ao ouvido (não me leve a mal tal expressão que, na minha opinião, muito engrandece a nossa língua), o Método Guterres “… é … é só fazer as contas !...”

Orientado pelo Princípio e escolhido o Método deve então seleccionar um Grupo de Actores / Agentes (de confiança é claro...). Quem sugiro? Já vai entender porquê mas eu penso que deve convocar para prestar serviços notáveis e excepcionais à Pátria, a Imprensa Nacional da Casa da Moeda, o Banco de Portugal, os CTT, e a título excepcional e enquadrado em procedimentos de Parcerias Público Privadas, as nossas Celuloses. Mais excepcionalmente, ainda, deve convidar, a título pessoal (para lhe garantir o controle e a autoria de tão ousado plano) um reconhecido Departamento de Matemática de uma meritória Universidade Portuguesa para apoio técnico na revisão do método e dos cálculos.

Só então deverá nomear ou mesmo assumir-se como o Coordenador. O Coordenador tem de ter um ar de chefe que tudo sabe, nunca tem dúvidas e raramente se engana. Alguém que se mostre responsável e assuma tarefas de Estado com um ar sério e competente por fora, mas que, por dentro, tenha enraizado a natureza daquele Princípio enunciado e tenha a capacidade, em nome do Estado, da nossa História e dos altos interesses da Nação, de saber vestir a pele do verdadeiro aldrabão, mesmo no sentido literal do termo e de uma forma sentida e profundamente assumida, reforço eu, no meu entusiasmo já mal contido.

Provavelmente vai receber muitas candidaturas a tal cargo de tanta responsabilidade e patriotismo. Vai receber, por certo, incontáveis curriculuns vitae e ver exercido sobre si o poder das grandes influências mas também o das pequenas cunhas. Mas resista senhor Ministro. Resista. E se sentir dificuldade em encontrar o “verdadeiro escolhido” pois não hesite e retire do perfil a exigência "competente"... e aí o número de potenciais Coordenadores subirá, certa e exponencialmente.

O Plano que lhe ofereço, verdadeiro milagre da economia e das financeiras, será seu e só seu depois de apresentar ao País. Será, definitivamente, o seu Plano,e será sempre para a História que um dia será escrita, um plano brilhante. Merece, por isso, que o apresente de uma forma confiante e soléne. Observe o seguinte registo e experimente senhor Ministro.

Precisamos de 80 Mil Milhões em 3 Anos ? Pois garanto-vos 100 Mil Milhões em 3 fins-de-semana (mostre um ar sério e confiante ao dirigir-se ao País  e nem precisa de explicar que tudo se tem de passar durante os fins de semana por causa da ASAE e das Inspecções Internacionais... faça uma pausa e beba um gole de água... continue depois mais pausamente).

Sob a magistral coordenação do nosso coordenador (personagem política de relevo no nosso país mas que me solicitou o anonimato para evitar que outros Estados o tentem resgatar para tarefas similares), continuando, sob a magistral coordenação do nosso Coordenador e orientado pela excelência do Método adoptado, ordeno à Imprensa Nacional da Casa da Moeda  e ao Banco de Portugal que se articulem e reúnam em três fins de semana consecutivos e programem a produção urgente de NOTAS !... Sim, de Notas, mesmo Notas, de 500, de 200 e de 100 Euros.

Produzido o nosso dinheiro, e é nosso porque é “made in Portugal” devem todos os serviços e equipas de distribuição dos CTT mostrar imediata disponibilidade, sem cobrar qualquer hora extra ou taxas de urgência adicionais, e assim, distribuir pelos inúmeros organismos e entidades com buracos orçamentais as necessárias quantidades de dinheirinho fresco e repor o contador a zero. Será, certamente, uma tarefa árdua porque ter-se-á que percorrer todo o país e certamente haverá sempre mais um buraco para tapar. Mas vai valer a pena. Assim, de uma forma simples, com e só com o nosso esforço, portugueses, iremos resolver de vez o problema da Dívida Soberana. (beba água senhor Ministro, beba e faça mais uma pausa... o povo já está quase convencida... falta apenas apresentar contas, números, lá no fundo, conhecimento científico...)
Para que não restem dúvidas quanto à genialidade deste plano e de que desta vez não se trata apenas de conversa fiada aqui ficam as contas que sustentam o audacioso plano.  É preciso fabricar 100 Mil Milhões de Euros. Ora devemos fabricar exactamente:
Cem Milhões de Notas de 500 Euros (500 x 100 x 106 )
Duzentos Milhões de Notas de 200 Euros (200 x 200 x 106)
Cem milhões de Notas de 100 Euros (100 x 100 x 106)
4 ou 5 Notas de 50 Euros para a malta ir beber um copo e para desviar a atenção da ASAE e das Instituições Internacionais (no fundo para disfarçar…)

Porque precisamos das Celuloses? Precisamente porque precisamos de papel! Muito papel. Mas papel do bom, durável e que garanta a feitura de notas bonitas e atractivas, competitivas e sustentáveis no tempo… Na verdade, Notas que façam mais uma vez a Inveja desses europeus de meia tijela… Quem melhor que as nossas celuloses para nos garantir o desejado papel ? Voltando às contas, uma Nota que seja Nota nunca deve ter menos de 15 x 8 centímetros, logo 120 cm2. Como vimos precisamos de 400 milhões de notas logo precisamos de, no mínimo, 120 cm2 x 400 x106 de centímetros quadrados de papel. Precisamos então de 48 x 10de cm2. Isto deve ser qualquer coisa como 48 x 105 metros quadrados de papel que deve corresponder a cerca de 4,8 Km2 de papel de boa qualidade ! (e acabe por aqui... deseje boa noite à Nação e vá dormir descansado... pois não há descanso melhor que o merecido pelo cumprimentos cabal do nosso dever...)

Não se esqueça, no entanto, que as Celuloses têm de estar de sobreaviso e preparadas para entregar o papel necessário sem quebras de fornecimento, caso contrário corremos o risco de arrastar o processo e a ASAE trama-nos, é tão certo como estarmos aqui, raio de gajos que um dia resolveram inventar…Não esqueça, ainda, e isto é importante, que para tudo isto funcionar necessita que o tal Departamento de Matemática confirme que as contas estão bem feitas. Isso é absolutamente indispensável para dar um ar de entendido e de academismo inquestionável como é comum e admirável cá pelo nosso burgo...

Assim, garanto-lhe, senhor Ministro, será um Ministro com tomates, mas não uns tomates quaisquer, não .... Uns tomatões !...  ouça o que eu lhe digo !...  e salvará o país !...

Um admirador seu seja lá quem Vossa Excelência seja...

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